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O que causa o linfedema?

Enfaixamento linfedema

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Linfedema: O que é o linfedema

O linfedema é aquele inchaço persistente, normalmente nas pernas ou nos braços, que geralmente aparece somente de um lado e afeta mais o pé e tornozelo ou a mão e o antebraço. Esse inchaço acontece porque o sistema linfático, que é responsável por drenar o excesso de líquido dos tecidos, não está funcionando direito. Nesse caso, o líquido a que nos referimos é o líquido linfático. Esse líquido é um fluido claro e incolor que fica na pele e subcutâneo e que é drenado pelo sistema linfático. Este sistema é uma parte crucial do sistema imunológico e desempenha um papel vital na manutenção do equilíbrio de fluidos no corpo, bem como na defesa contra infecções. 

Vamos entender melhor por que isso acontece? As causas do linfedema podem ser divididas em duas categorias principais: primárias e secundárias.

Linfedema Primário: Nascendo com o Problema

O linfedema primário é uma condição rara e muitas vezes está ligada à genética. Basicamente, o sistema linfático já nasce com algum defeito. Isso pode ocorrer por vários motivos:

  1. Malformação Congênita: Algumas pessoas nascem com os vasos linfáticos (aqueles “canos” que transportam o fluido linfático) ou os linfonodos (pequenos filtros por onde o fluido passa) malformados. Isso compromete a capacidade do corpo de drenar o fluido corretamente. São exemplos desses casos a síndrome de Milroy, causada por mutações no gene FLT4, que codifica uma proteína chamada receptor do fator de crescimento endotelial vascular 3 (VEGFR-3).
  2. Hipoplasia/Agenesia Linfática: Em algumas pessoas, simplesmente não há vasos linfáticos suficientes para dar conta do recado. É como se você tentasse escoar toda a água de uma banheira com um canudinho. A manifestação do edema nesse caso pode acontecer na infância, adolescência e, até mesmo, na vida adulta. Um aumento de peso, alguma doença, a puberdade ou somente o crescimento já podem ser fatores que podem descompensar um linfedema latente.

Linfedema Secundário: Quando Acontece Depois

Agora, vamos falar sobre o linfedema secundário, que é bem mais comum. Ele acontece quando o sistema linfático é danificado de alguma forma por fatores externos. Veja alguns exemplos:

  1. Cirurgia: Muitos casos de linfedema acontecem após cirurgias, especialmente aquelas relacionadas ao tratamento de câncer. Quando linfonodos são removidos durante a cirurgia, o sistema linfático pode ficar prejudicado. Nos últimos anos, o câncer de mama é a principal causa de linfedema. Quanto mais linfonodos são retirados, mais linfedema pode aparecer. O inchaço pode aparecer logo após o pós operatório ou muitos anos depois.
  2. Radioterapia: Outro tratamento comum para o câncer é a radioterapia, que pode danificar os vasos linfáticos e linfonodos, resultando em linfedema. Ou agravando um caso que era mais leve.
  3. Infecções: Infecções crônicas podem ser um grande problema. Uma infecção parasitária chamada filariose, por exemplo, pode bloquear os vasos linfáticos e causar linfedema. Pacientes que possuem erisipela de forma repetida, também podem desenvolver o linfedema.
  4. Traumas: Lesões ou cirurgias que danifiquem os vasos linfáticos podem levar ao linfedema. Um acidente de carro ou uma queda grave podem desencadear o problema. Especialmente se o corte for na região da virilha ou na parte interna da coxa e perna.
  5. Obesidade: Estar acima do peso pode aumentar a pressão sobre os vasos linfáticos, dificultando o trabalho deles. Além disso, em pacientes com lipedema muito avançados, também pode acontecer o acúmulo de líquido linfático. É o que acontece nos casos de Lipedema grau 4.
  6. Doenças Venosas: Problemas como insuficiência venosa crônica (quando as veias das pernas não conseguem bombear sangue de volta para o coração de forma eficiente) podem contribuir para o desenvolvimento de linfedema. Na verdade, o linfático na função de tentar ajudar o sistema venoso, pode ficar também sobrecarregado.
  7. Câncer: Tumores podem bloquear os vasos linfáticos ou linfonodos, causando o acúmulo de fluido e, consequentemente, o inchaço. Mesmo nos casos em que não foi feita a cirurgia.

Fatores de Risco: Quem Está Mais Vulnerável?

Alguns fatores podem aumentar as chances de desenvolver linfedema. Entre eles estão:

  • História Familiar: Se alguém na sua família teve linfedema, as suas chances de ter também aumentam.
  • Idade: Quanto mais velho você fica, maior o risco de desenvolver linfedema.
  • Sedentarismo: Não se mexer muito pode prejudicar a circulação linfática, aumentando o risco de inchaço.
  • Cuidado com os pés: Deve-se cuidar muito bem da pele e dos pés. As infecções de pele como a erisipela podem agravar o linfedema. Sendo assim, qualquer porta de entrada de bactérias deve ser tratada como as micoses entre os dedos, as onicomicoses (micoses nas unhas), as rachaduras de ressecamento. Também deve-se evitar tirar cutículas dos dedos já que as mesmas servem como proteção para o pé contra a entrada de bactérias.

Conclusão: Lidando com o Linfedema

O linfedema pode ser bem complicado de tratar, mas há várias formas de manejá-lo. O importante é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Isso pode incluir fisioterapia com a terapia física complexa, uso de meias de compressão e, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas. Se você notar inchaço persistente nos braços ou pernas, vale a pena procurar um médico para entender melhor o que está acontecendo e iniciar o tratamento o quanto antes.

Dr Rodrigo B. Biagioni – CRM 105547 SP. 

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