Nos últimos anos, estudos têm demonstrado que o exercício para linfedema desempenha um papel fundamental na prevenção e no controle, melhorando a mobilidade, a força muscular e a circulação linfática. Ao contrário do que se acreditava anteriormente, a contratura muscular favorece a drenagem da linfa que fica parada no linfedema e pode até mesmo ser um fator protetor para o desenvolvimento de linfedema em pacientes que fizeram a mastectomia e ainda não desenvolveram linfedema.
No entanto, o exercício para pessoas com linfedema requer uma abordagem personalizada, respeitando limitações individuais.
Independente dos exercícios, se manter ativo diariamente é muito importante. O uso de relógios que medem passos nos ajuda a manter maior tempo em pé e andando. Para pacientes com linfedema leve a moderado, é recomendável começar com uma meta de cerca de 5.000 a 7.000 passos diários, sempre observando a reação do próprio corpo. Outro ponto é a perda de peso que vem como consequência da atividade física que possui importante efeito na melhora do linfedema.
A seguir, discutiremos as evidências e as recomendações detalhadas para diferentes tipos de exercícios.
1. Exercícios aeróbicos para linfedema
Atividades como caminhar, nadar ou pedalar têm mostrado benefícios significativos para pacientes com linfedema. Exercícios aeróbicos de baixa a moderada intensidade estimulam o sistema circulatório e linfático, ajudando na remoção do fluido acumulado. Além disso, a natação, em particular, é recomendada devido à pressão hidrostática da água, que atua como uma compressão natural e auxilia na drenagem linfática.
A intensidade dos exercícios não deve ultrapassar o ponto de fatiga e medidas devem ser tomadas para evitar um trauma pela atividade excessiva. Comece devagar e vá aumentando progressivamente a intensidade do exercício aeróbico. Mas tente fazer as atividades físicas diariamente – melhor para o linfedema azer um pouco todos os dias que muito intenso em 2-3 dias. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica semanal.
Aqui são algumas dicas para tipos de exercícios para fazer em casa quando se deseja iniciar as atividades físicas:
Para as pernas – https://youtu.be/2PKkdyBRu1k
Para os braços – https://youtu.be/zcQB6pZmdN0
2. Exercícios de Respiração e Alongamento para Linfedema
Atividades de respiração profunda e alongamento promovem uma melhor circulação da linfa e são especialmente úteis no início e no final das sessões de exercícios. Eles ajudam a “preparar” o sistema linfático e a evitar o acúmulo excessivo de fluido. Sempre se recomenda associar alongamentos para qualquer modalidade de exercício.
Aqui há um exemplo de como fazer a respiração para melhora da drenagem linfática
3. Exercícios de Força e Resistência para linfedema
Exercícios de força são especialmente úteis em pacientes que já faziam esse tipo de atividade física antes. Para quem nunca fez, os exercícios com força e resistência podem causar uma certa dor e se recomenda iniciar essa modalidade de exercício após alongamentos e exercícios aeróbicos.
Exercícios de resistência leve a moderada, como levantar pesos leves ou usar faixas elásticas, são recomendados com o objetivo de fortalecer os músculos sem sobrecarregar o sistema linfático. O fortalecimento muscular, principalmente na área do membro afetado, promove a circulação linfática e ajuda na prevenção do aumento do inchaço. A prática deve ser gradual e supervisionada para evitar o excesso de carga que pode exacerbar o linfedema.
Estudos mostram que o treinamento de força, realizado com aumento progressivo e controlado da intensidade, é seguro para a maioria dos pacientes com linfedema e, na verdade, pode reduzir o risco de progressão da doença. É essencial que o paciente siga as orientações de um fisioterapeuta ou profissional especializado, que determinará a carga e a frequência adequadas. Recomenda-se que o exercício não chegue ao ponto de fadiga. Também se deve tomar cuidado com as lesões musculares que podem agravar o edema do membro.
4. Atividade Física com Compressão
O uso de luvas/braçadeiras ou meias de compressão é uma recomendação essencial para a prática de atividade física em indivíduos com linfedema. Durante o exercício, a circulação e a pressão sanguínea aumentam, o que pode promover a entrada de mais fluido nos tecidos. A compressão ajuda a evitar o inchaço excessivo, proporcionando uma resistência externa que promove a drenagem da linfa e mantém o volume do membro controlado.
A compressão deve ser personalizada conforme o grau de linfedema e o tipo de atividade, e, idealmente, a peça de compressão deve ser ajustada e indicada por um especialista. É também recomendado que o paciente mantenha a compressão por algumas horas após o exercício, para que os efeitos positivos da prática se sustentem e o inchaço não volte rapidamente.
5. Orientação e Supervisão Profissional
A supervisão de um fisioterapeuta especializado em linfologia e/ou um cirurgião vascular é essencial. Esses profissionais podem avaliar o estágio do linfedema, identificar os exercícios mais adequados e adaptar as atividades conforme a resposta do paciente. Além disso, o fisioterapeuta pode ensinar exercícios específicos de drenagem ativa, que consistem em movimentos que estimulam a circulação da linfa em direção aos gânglios linfáticos saudáveis.
Programas de exercícios supervisionados permitem ajustes imediatos na intensidade e na frequência dos exercícios, dependendo de como o paciente responde ao tratamento. Em muitos casos, esses programas são complementados com outras terapias para o linfedema, como drenagem linfática manual, kinesiotapping, Laser 908 nanômetros e o uso de bandagens compressivas mecânicas.
No nosso site você pode encontrar mais informações sobre o tema.
6. Benefícios da Atividade Física para a Qualidade de Vida e Bem-estar Psicológico
A prática regular de atividades físicas não beneficia apenas o controle do linfedema, mas também melhora a qualidade de vida e o bem-estar emocional do paciente. Indivíduos com linfedema enfrentam frequentemente desafios emocionais relacionados à condição crônica e à limitação de movimento. O exercício físico, além de reduzir o inchaço e o desconforto, ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, fatores que também impactam indiretamente o linfedema.
A atividade física promove a sensação de autonomia, fortalece a autoestima e melhora a disposição. Em longo prazo, pacientes que mantêm uma prática regular de exercícios têm maior chance de controle da condição e de se sentirem mais capacitados a gerenciar os sintomas.
Considerações Finais
A atividade física é cada vez mais reconhecida como um componente essencial do manejo do linfedema. No entanto, para que seja segura e eficaz, deve ser cuidadosamente planejada, monitorada e complementada com o uso adequado de compressão. A orientação de profissionais especializados é crucial para ajustar o programa de exercícios ao perfil e às necessidades individuais de cada paciente. Ao integrar a atividade física de maneira consciente e orientada, o paciente com linfedema pode experimentar uma melhora significativa tanto nos sintomas físicos quanto em sua qualidade de vida geral.
Mais informações – sites recomendados: https://www.breastcancer.org/treatment-side-effects/lymphedema/reducing-risk/exercise
Dr Rodrigo Biagioni – CRM 105547