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Cirurgia para linfedema Número 1: a anastomose linfático-venosa

Cirurgia Linfedema

As cirurgias para tratamento do linfedema já existe há mais de 20 anos. Porém, há aproximadamente 10 anos que tivemos os maiores avanços com a melhora da técnica, desenvolvimento de materiais de supermicrocirurgia e de microscópios mais poderosos. Especialmente nos países asiáticos, as técnicas evoluíram muito a ponto da cirurgia para linfedema ser uma realidade.

As cirurgias para o tratamento do linfedema são de dois tipos:

  1. Cirurgias chamada fisiológicas
  2. Cirurgias não fisiológicas

Nesse post vou escrever sobre a principal cirurgia para o tratamento do linfedema. A cirurgia do tipo fisiológica e que sempre é a primeira opção de escolha quando possível. Estou falando da anastomose linfático-venosa – ou LVA

E por que ela é a primeira opção? Porque ela simula o que o corpo já deveria estar fazendo e não está conseguindo…

A linfa é um líquido que fica acumulado nos tecidos da pele e o sistema linfático tem a função de levar esse líquido até a circulação venosa pelos vasos linfáticos.

A anastomose linfático-venosa faz exatamente isso. Ele simula o que o próprio corpo já faz, ou deveria estar fazendo… No linfedema, o sistema linfático não consegue drenar esse líquido e ele acaba extravasando na pele.

Nessa cirurgia fazemos uma comunicação entre os vasos linfáticos e as veias na perna ou braço exatamente no local de inchaço, desviando o líquido do vaso linfático para a veia, desinchando a pele.

Apesar da LVA ser a primeira escolha, há a necessidade de que algum vaso linfático ainda esteja funcionando na perna ou no braço… Com o tempo, e com a evolução do linfedema e infecções/erisipelas recorrentes, os vasos linfáticos ficam mais espessados e acabam inutilizados. Além disso, quando não tratamos o inchaço, há um depósito de gordura local com deformidade irreversível do membro.

Sendo assim, fazemos dois exames para avaliar se há a possibilidade da anastomose linfático venosa:

  1. A linfocintilografia (que é feita em laboratórios – medicina nuclear)
  2. Linfografia com indocianina verde (que fazemos geralmente no centro cirúrgico).

Havendo algum vaso linfático viável, a anastomose linfático venosa é sempre indicada, sozinha ou associada a outros métodos.

Para a preparação para a cirurgia, realizamos enfaixamento no membro acometido 1 semana antes e 1 semana depois da cirurgia – Fazemos esse enfaixamento na nossa clínica com uma fisioterapeuta especializada.

E como é feita na prática a LVA?

É uma cirurgia minimamente invasiva que fazemos em hospital, com anestesia por bloqueio, tipo raquianestesia com sedação em conjunto. Geralmente o paciente interna pela manhã e vai para casa no final do dia ou no dia seguinte pela manhã. No que chamamos de regime de hospital-dia.

A cirurgia começa com um exame após a anestesia que é feita com um contraste verde chamado indocianina verde. Com um aparelho que se chama spy, desenhamos na pele do paciente o trajeto dos vasos linfáticos.

Escolhemos para tratar os linfáticos que não estão drenando adequadamente a linfa. Na cirugia propriamente dita são feitas geralmente 4-5 pequenas incisões de 1,5-2cm cada uma sobre a pele no trajeto da parte interna da perna.

A dissecção do vaso é feita com microscópio com máxima magnificação. Após a identificação da veia e da linfático, fazemos a união deles, ou seja a anastomose, com um fio de nylon ultrafino já que o diâmetro do vaso é menor que 1 mm. Fazemos de 3 a 5 anastomoses geralmente.

A cirurgia geralmente dura 4-5 horas e o paciente fica sedado durante todo esse procedimento. Após a cirurgia, o paciente tem alta com uso de enfaixamento das pernas.

O repouso é necessário nos primeiros 5 dias para atividades mais intensas. Após esse período, não há a necessidade de repouso. A recuperação geralmente é muito rápida e é incomum que os pacientes sintam dor.

E qual seriam os resultados da cirurgia de LVA?

Os resultados da LVA dependem da precocidade da doença e a presença de vasos linfáticos ainda saudáveis. Casos menos avançados evoluem melhor. E, nesses casos mais precoces, o inchaço do linfedema pode ser tratado de uma maneira total em 50% dos casos e parcial em 25%. Além da melhora do inchaço, a cirurgia de LVA pode diminuir a incidência de erisipelas, ou seja, diminuindo as infecções de repetição.

Em casos mais avançados, a LVA tem a função de impedir a progressão da doença, mas sozinha, não é capaz de diminuir o volume do membro. Nesses casos mais avançados, geralmente associamos a lipoaspiração para a redução do volume da coxa. Podemos fazer lipoaspiração no mesmo ato da LVA ou alguns meses depois para complementar o tratamento.

Essa cirurgia geralmente é coberta pelos planos de saúde mas somente em alguns hospitais nós temos a estrutura necessária para a realização do procedimento. Os códigos TUSS para a cirurgia já estão documentados e as operadoras e sistema de saúde público, em teoria, deveriam fornecer um serviço para a realização ou financiar o procedimento.

Espero que tenha sido útil. Convido a todos para ver o vídeo com as explicações . Um grande abraço!

Dr Rodrigo Biagioni – Cirurgia vascular/endovascular VASCULARLINE

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